30 de jul. de 2014
Você é poesia
Quando te encontrei, encontre foi a poesia.
Ali, suave e macia, de olhos azuis...
Sorria o sorriso mais belo, a poesia.
E eu te amei desde os primórdios,
pois desde os primórdios amei a poesia.
E eu te desejei desde muito antigamente,
pois desde muito antigamente desejei poder respirar o belo.
E meus olhos deslumbrados quase não viram que a poesia é viva,
e sente, e sofre.
Assim como as flores que murcham e as pedras que se tornam migalhas;
a poesia de carne sangra, e chora, e vê tristonha o céu poluído da noite sem luzes naturais.
Os sons poderosos e as palavras todas curam tão pouco...
Os ipês já iniciaram seus epitáfios:
Rosados, amarelados, branqueados.
Tento dizer a todos eles que não sofram, não.
A morte não virá.
O frio do inverno é só maldade do sol que não quer estar próximo.
Haverá primavera e estes dedos tão secos e fracos
permanecerão com as mãos na terra, como desde sempre.
E tentarei acreditar que cada semente simples germinada
é uma pequena esperança que retorna ao coração dolorido.
Que, sutilmente, essas esperanças possam serrar as correntes
que nos atam ao desespero.
Em tempos sombrios o que resta é continuar a semear.
Talvez com o desabrochar das flores a poesia volte a sorrir.
Volte a sorrir aquele sorriso que tanta falta faz à minha alma.
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