19 de jun. de 2014

Placebo


Todas aquelas canções sobre saudade...
Remédios tão doces para uma dor tão amarga.
Placebos, na verdade...
O que cura a alma é apenas a carícia da outra alma.

Nas tempestades agarro-me ao mastro roto do navio da minha fé.
Lambo o sal do mar que pousa em meus lábios,
Os músculos enrijecem-se, preparam-se, temem...
O coração esfria.

A tempestade passa.
A calmaria deita sobre oceano, 
Como uma feiticeira silenciosa,
Mas eu ouço sua respiração, eu prevejo seus planos.

Está em meus olhos esse oceano,
Esse mar, esse rio, esse riacho.
Não há espaço na Terra para mais lamentos, mais cansaços,
Então, nunca mais direi outra vez que minhas lágrimas são de tristeza.

Todo dia é o último dia em que uso palavras,
Todo dia eu morro, todo dia eu venho à luz.
Todo dia o silêncio de Deus me fala mais sobre ele.
Todo dia adormeço em seus braços macios,
distante quinhentos quilômetros deles.

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