17 de jun. de 2014

In color


Ainda existem flores quando você não está.
Ainda existe o jardim com suas humildes belezas.
Mas não há cor para os meus olhos...
Cada pétala desbota-se com sua ausência,
E os suaves perfumes são levados pelos ventos da saudade.

E quando preparo-me para abrir o peito ao meio,
Sonhos e lembranças seguram minhas mãos,
Com delicadeza.
O Sonho, uma criatura linda e otimista, 
projeta aos meus olhos a imagem de um próximo abraço, um próximo beijo.
A Lembrança, refinada dama, entrega-me um álbum de fotografias;
Imagens apenas nossas,
Partículas luminosas de passado.

Então se aproxima humilde e delicada menina,
Menina ora feliz, ora tristonha:
É a Poesia.
Entrelaça seus dedinhos meigos aos meus, tão rudes e maculados,
Convidando-me para brincar no jardim.
É insano, eu digo, faz escuro e não há cor ou perfume aqui...
E ela, com a inocência e o carinho de toda criança, me diz:
"Mas há dentro de ti!"

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