30 de abr. de 2023



Quando voltava a mim 

Eu entendia que a vida não era feita no desassossego

Mas nesse tecer delicado das horas e sentimentos 

Fio a fio 

Amarrando como que construindo 

E aí a gente olha pela janela com o olhar cansado 

Com o coração encolhidinho

Só que vê a esperança andando de bicicleta ali pela esquina 

De joelhos ralados

Cabelo desgrenhado

Sorriso meio amarelado

Doidinha a esperança 

Mas uma menina ainda 

Depois de tanto tempo 

Uma menina ainda 

E a gente chora ao mesmo tempo que sorri 

Quando ela acena 

Lá de longe

Toda faceira 

Porque a vida 

Meu amigo 

Dói na carne e no osso da gente 

A vida dói pra frente e pra traz 

Dói assim como se a gente fosse de ferro 

Só que a gente não é

Mas é bonita a danada 

Tão jeitosa 

Que a gente acaba por se apaixonar por ela 

De novo e de novo

E quer dela mais um bocado

Mais um tantinho 

Mais um gole 

E ela dá

Dá um céu limpo e bonito desse

Dá uma lembrança formosa de uma última dança 

Dá uma estradinha por entre um jardim 

Dá inspiração 

Pra mais uns versinhos simplórios.