Algum tipo de sentir jaz ainda imaculado
Mas tão oculto
Tão profundo
Que só um raro vislumbre brilha e transparece
Às vezes
Através das ranhuras superficiais feitas na realidade
Em algum momento de santa loucura
E são esses
Tempos que não passam
Enquanto eu me pergunto o que ainda não foi dito
Que palavra ainda resta a ser usada
Qual sonho não foi sonhado e perdido
Os primeiros jasmins do ano florescem então
E é fevereiro
E chove como se o céu se livrasse de mágoas
Um aguaceiro agoniado
Veloz
Feito o peito que se contrai e se expande
Como marés
Lembro-me assim de Elza e seu choro que não era nada além de carnaval
De Glória com seu sorriso rebelde
Peitando a vida ombro a ombro
E da voz de Gal
Zombando do impossível
E há também um homem que enfim amo
E um menino que enfim entendo
Unidos no reflexo diante de mim
Ambos falando e gesticulando e sem parar
Sobre medos
Sobre utopias
Sobre o eterno e o efêmero
E fecho os olhos e também danço
Sorrio
Canto
Por alguns instantes de distraída paz
Em meio a essa queda livre.
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