21 de out. de 2022

 

Como há muito não era e não deveria ser

O céu imóvel 

Sem poesia

Nenhum verso oculto por entre as nuvens estéreis 

E as canções

Tão novas canções

Quase sem emoção

Vozes delicadas se chocando 

Em grossos muros

Altos 

Altos

E sua face evanescendo na memória 

Fugindo do toque do meu olhar 

Sorrindo para o horizonte longínquo

Mas foi hoje

Mas também foi há mil anos

Tudo como no mesmo sonho confuso 

Que nunca termina

Que nunca começa 

É só a calmaria antes da tempestade 

É só o tempo roubando as cores da realidade

É só a chuva lavando as fantasias 

Derretendo as máscaras de papel

Mostrando os rostos impecáveis

As almas deformadas 

É só a chuva purificando o ar e adoçando a atmosfera 

Perfumando, desacelerado

Cantando 

Enquanto no labirinto da mente 

Os fantasmas se descobrem

Deixam seus velhos lençóis pelo chão 

Suas correntes sobre os móveis danificados 

E vão caminhando enquanto tocam a minha mão 

Ao menos eles

Entrelaçando nossos dedos

Em direção a uma saída daqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário