Como há muito não era e não deveria ser
O céu imóvel
Sem poesia
Nenhum verso oculto por entre as nuvens estéreis
E as canções
Tão novas canções
Quase sem emoção
Vozes delicadas se chocando
Em grossos muros
Altos
Altos
E sua face evanescendo na memória
Fugindo do toque do meu olhar
Sorrindo para o horizonte longínquo
Mas foi hoje
Mas também foi há mil anos
Tudo como no mesmo sonho confuso
Que nunca termina
Que nunca começa
É só a calmaria antes da tempestade
É só o tempo roubando as cores da realidade
É só a chuva lavando as fantasias
Derretendo as máscaras de papel
Mostrando os rostos impecáveis
As almas deformadas
É só a chuva purificando o ar e adoçando a atmosfera
Perfumando, desacelerado
Cantando
Enquanto no labirinto da mente
Os fantasmas se descobrem
Deixam seus velhos lençóis pelo chão
Suas correntes sobre os móveis danificados
E vão caminhando enquanto tocam a minha mão
Ao menos eles
Entrelaçando nossos dedos
Em direção a uma saída daqui.
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