24 de mai. de 2021

25/05/2021

 


Resta uma quase vaga lembrança da poesia que se escondia em imagens sem muito sentido, em palavras sem muito sentido, em amores sem muito sentido, 

Embora nem mesmo quando as ruas são escurecidas pelo vazio e pelo silêncio seja possível fingir olhando rosas comuns pelas calçadas que nestes dias cintila algo dos velhos dias. 

Não há saudade forte o bastante para construir uma ponte, uma via, uma trilha a qualquer lugar onde habitava algo belo e leve, embora tão frágil. 

Todos aqueles momentos em que havia felicidade e as luzes brilhavam tão fortes agora se parecem com teatralidades sem alma que evanescem após o veloz fechar das cortinas... 

E apenas eu ainda cavo a terra estéril de mãos nuas semeando uma primavera que não chega, não chega.

Quem sabe ainda seja muito esse pouco que resta, me diz um coração gentil. Uma insistência sutil, uma tentativa delicada de criar algum encanto com ingredientes escassos e de pouca raridade; gerar ao menos pequenos fragmentos de instante em postura de resistência e beleza, enquanto as cortinas não se fecham para sempre.