11 de mai. de 2016

Ode à angústia!


Não te escondo minhas lágrimas,
O fel dos meus olhos e dos meus lábios,
Meu medo e desolação.

Não fingirei ser o vencedor de uma batalha perdida;
Vencida por ratos vestidos de roupas finas,
Vencida por demônios que se esgueiram por paredes e sombras.

Meu peito arde em chamas dolorosas;
Sangra rios vertiginosos,
Urra como o vento morto de agosto.

Mas com orgulho te mostro minhas chagas.
Minha derrota,
Os farrapos da minha alma.

Porque tudo isso prova a diferença.
Prova que, enquanto os abutres devoram os restos da esperança,
Eu, de longe, semeio novas. Eu, e tantos mais.

Não negarei minha angústia!
Louvada seja!
Agora tanto dói, mas amanhã me voltarei ao sol nascente.

Não privarão de nós o grito, o brado, a liberdade.
Como imundícies caquéticas rastejam ao trono;
Mas nós, nós construiremos outro império!