Seria a alma ainda mais repugnante
Que a matéria perecível que a encarcera?
Porque se te mostro a carne, pouco te assustas,
Mas se mostro o espírito, foges como um bandido diante da porta aberta.
De todas as catástrofes,
Não é pior a esperança?
Somos fadados ao medo e à dor,
Mas ao vislumbrar o paraíso inatingível, queimam-se nossos olhos.
Sempre dois passos a mais do passo dado.
O que pode ser mais ridículo
Do que um covarde com sonhos?
Já mal lembro das velhas cruzes.
Todos os demônios repousam inofensivos.
E num instante de calmaria
Chego a acreditar que não é repleto de bestas o oceano abaixo de mim.
O que os sábios não diriam da minha luta inútil contra o óbvio?
Há ainda alguma dor necessária a ser sentida
Para que de uma vez por todas
Seja curado dessa dolorosa obsessão pelo amor?
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