26 de dez. de 2013

Louvores


Louvado seja o caminho desprovido de sentido e de fim, com todos seus
adeuses não ditos, guardados.
Louvada seja a poesia que cura, a palavra que salva. A poesia que me encontrou, a palavra que me foi dita.
Louvada seja a lágrima que salta confusa por culpa do solavanco não previsto, e marca meu rosto, escorre por minhas pernas e purifica meus passos.
Louvado seja meu medo por sua prudência e ainda mais louvada seja sua
amada filha bastarda: minha ousadia.
Louvada seja a espera fria e firme como pedra, assim como a esperança frágil e bela como flor. Louvada seja, insisto, a esperança: minha substituta para o Amor.
Louvada seja também a fé. A fé que ilude e que salva. A fé que cura e que
enlouquece. Louvada seja; embora as tantas mentiras que transformou em consolo e as tantas verdades que transformou em cinzas.
Louvadas sejam as transformações, das ínfimas às imensas, pois que são o
sobrenome da Vida.
Louvadas sejam até mesmo a dor e a saudade, já que fazem recordar, nós, seres frios e brutos, que temos um coração, uma alma.
Louvados sejam os olhares que se cruzam e permitem frutificar primeiro os sorrisos, depois as canções, por fim, o sentimento...
Louvados sejamos eu e você, o eu que existe, o você que invento.



De "Em meu Jardim Secreto..."