Talvez por uma tarde o mundo gire sem solavancos;
...os meninos empinem suas pipas, o sol se ponha exalando uma luz macia, as mangueiras floresçam e o seu perfume adocique esses ares que por tanto tempo foram duros e pesados...
Talvez por uma tarde, uma canção volte a fazer desaguar o olhar e o reflexo que se mostra não assuste, mas conforte;
...o tempo se esqueça da própria crueldade em não passar, ou passar célere demais...
E mesmo sem você aqui, todas as coisas se sustentem em pé, em seus lugares;
Mesmo sem todo seu heroísmo e luminescência, o céu não desabe e a claridade do sol ainda embeleze a copa das árvores e o caminho por onde as crianças correm e riem de si mesmas.
Resta coração para mais alguns versos, mesmo que chamuscados, fragilizados e feridos pelo calor da realidade,
Porque há alguma coisa sagrada e bela que flui oculta no âmago dos ossos da vida, e é isso que o olhar, essas palavras, os passos e essa fé ainda não desistiu de buscar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário