É o mesmo sol daqueles tempos se pondo lá fora.
O mesmo sol dos dias em que era mais fácil sorrir,
O mesmo sol dos dias em que era difícil não chorar.
E é essa luz calma que penetra pelas paredes rachadas da alma e ainda faz brilhar suas preciosidades cada vez mais escassas.
O passar rastejante dos minutos e a velocidade imensamente incalculável com que os anos voam,
A visão embaçada das cores, o assovio cortante e incessante do silêncio,
Os nomes se apagando todos na minha mente,
O medo, enfim materializado bem diante de mim;
Tudo girando a chave que tranca a porta de um quarto em muita desordem, sem perfume, sem calor, onde a luz não entra.
Mas inicia-se uma canção...
A melodia daqueles dias de céus de quartzo e águas de esmeralda,
De sabores, aromas, sorrisos,
E eu vejo os jovens correndo pelas ruas, ainda com seus sonhos intactos,
E chuvisca nesses meus olhos ainda tão vivos,
Ainda caçadores do que é Belo,
Eu vejo o jardim mais que resistindo, florindo,
E eu me lembro daquelas antigas palavras gentis:
"Você também ainda vai florescer de novo.
Na verdade, você já floresce."
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