Eram e talvez,
Em alguns momentos inocentes,
Ainda sejam
As palavras
Os raios luminosos a derreter
A gélida e grossa
Camada de realidade
Que cobre a superfície
Acima de mim.
Eram e talvez ainda sejam elas,
Apenas elas,
A desnudar a doçura de alguma canção
Por entre as noites em que o silêncio,
Falso e estranho,
Corta lentamente a pele da lucidez.
São elas, ainda, talvez,
A adornar de memórias preciosas,
Não vividas,
A envolver de aromas raros,
Imaginados,
Alguma ilusão sutil que suavemente sorri
Enquanto vaga vagarosamente
Por essas ruas que já foram tão minhas.
São elas, eu sei,
Unicamente elas,
A persistir e ficar
Junto de mim,
Das minhas mãos,
Removendo pedras,
Plantando roseiras,
Como disse a mestra.
São elas, eu sinto, que renascerão,
Ainda que menos vivas,
Ainda que mais esquecíveis,
Enquanto algo de Belo sobreviver no coração.
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