Não sobrou nenhum ouro naquelas águas em que tanto mergulhamos
Para dourar recém-memórias com uma falsa aura de eternidade.
Quando o que sobra dos velhos poderosos feitiços é uma brisa suave que sopra palavras esquecíveis,
A chuva deságua em seguida,
Inclemente,
Lavando o encanto restante das ruas e telhados.
Mas como já dito, há sempre um mas.
E há algo de sagrado na luz morna que vaza por entre nuvens pesadas que quase não se movem no céu...
Ainda me lembro de quando no décimo sétimo outono o grande sonho ergueu-se feito uma muralha no horizonte, uma cordilheira repleta de promessas e penhascos nos quais tantas vezes me precipitei antes de conhecer a paisagem deslumbrante que o cume me daria.
Então chega a véspera do trigésimo quinto outono... E já não me seduz mais a imensidão gélida acima, tão acima de mim.
Eu contorno, procuro por pontes, riachos, flores pelos caminhos e janelas. Caminho com mansidão e esperança.
Eu me curo nas águas dos meus olhos e sorrio pelo esforço dos jardins em se preparem para mais um inverno que logo virá.
E vejo que já não há um destino, mas apenas esse caminhar, enfim suave, sereno...
O caminhar que é, finalmente, o bastante.
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