As coisas que em nós não têm fim
Ficam presas fora da passagem do tempo.
Nem tudo é saudade.
Há esses fragmentos de vida cristalizados fora da linha natural,
Como pequenas pedras preciosas perdidas de seus anéis e colares;
E às vezes quando a chuva cai
É possível ver seu brilho por entre as nuvens,
Por entre as gotas,
Por entre o som dos trovões,
Porque a felicidade não se refugia nem nas lacunas do passado nem nas dobras do futuro
- Ou encara-lhe olho a olho
Ou ela não existe -
Apenas o sonho transita por entre a passagem das infindas horas sem impedimento.
E se não há sonho,
Como já não há,
Cessam os movimentos,
As preces,
Os cálculos.
Agora nada reluz no céu pois que as águas foram para longe,
Junto ao sentido das palavras,
Junto ao encanto dos caminhos.
Mas talvez a primavera traga novas águas,
E novos caminhos,
E pela beirada deles,
Quem sabe,
Floresça algum sonho.
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