30 de set. de 2021

Ainda, primavera

 


Rondando os velhos tempos deixados na margem dos caminhos que já deveriam ter sido esquecidos, ainda observo atento na mesma esperança infantil de que de arbustos ressequidos e sem vida floresça algo que transborde cor e perfume,

Mas sempre retorno de mãos e olhos vazios, 

Não resta algo a ser colhido de longínquas semeaduras;

E não é tolo o temor pelo dia em que o que resta das palavras, cansadas, se refugiará em um abrigo triste de silêncio.

Por enquanto, ainda se busca os jardins sobreviventes à estiagem, as emoções sobreviventes às decepções, os sonhos sobreviventes à realidade. 

Por enquanto, ainda é primavera, mesmo que não tão mais dourada como já fora outrora,

Mas ainda, 

Primavera.

Ainda,

De alguma forma sutil e doce,

Poesia.

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