3 de abr. de 2015

Dias de Paixão


Quem mais percebe o perfume triste que paira no ar?
Quem mais percebe que, embora seja uma tarde de céu sem nuvens,
Não há claridade.
Não há quem sorria na vazia cidade.

Bom Deus, o menino foi morto na cruz!
Bom Deus, o menino foi morto no morro!
E de que servem as lágrimas que secam
Antes de chegarem ao fim da face?

Eles falam de uma revolução se aproximando,
Mas não ouvimos nenhum sussurro.
Estamos mesmo lutando por algo
Ou apenas desejamos que alguém nos ame?

Bom Deus, os Dias de Paixão não se findarão?
Quantas mães ainda chorando sobre matéria inerte?
Onde estará a fonte de Água Pura?
Só bebemos de fontes contaminadas de indiferença.

Não há valas suficientes para tantos sonhos não sepultados,
Tantos sonhos assassinados antes de florescerem.
De que serve correr de um desespero para outro?
Mas ainda falam em uma revolução...

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