1 de abr. de 2015

Cheiro de chuva


Quando olhei para as nuvens vermelhas
Paradas num céu doloridamente azul
Embaixo do velho ipê
Que em um dia de fevereiro
Uma tempestade partiu um galho
E o fez florir
Num tempo em que o amor ainda aquecia
Eu apenas desejei 
Naquele instante
Sentir o cheiro da chuva
E pedi a quem quer que estivesse além daquele céu
Que matasse meu coração de homem
E devolvesse meu coração de menino.

Porque um dia eu acreditei que o mundo era mágico
E por acreditar, ele era.
Um dia acreditei no fim da dor
E por acreditar, ela se findou.
Mas agora a súplica é pelo desacreditar, 
É pelo desconhecer.
A chuva que anseio não é a que vem do alto,
Mas a que escorrerá de dentro para fora de mim,
Eu quero o fim.
Quero tudo levado através das janelas da alma,
Para longe.
Até que apenas haja o nada,
E que do nada eu nasça outra vez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário