10 de abr. de 2015

Contrário


Me abandonei naquele dia,
Naquele ano passado,
Naquele início de inverno.
O que quer que houvesse de santo,
Puro,
Sagrado,
Deitou-se à lama, ao sangue fervente.
É muito adeus, meu Deus!
Muito adeus para mãos que sabem acariciar,
Mas não sabem dar despedida.

Tudo o que restou é o que não há.
É um rio calmo feito de silêncio,
O escuro amedrontador da mata fechada,
A fome, a sede, a ânsia.
Tudo o que restou é contrário a mim,
É o contrário de mim.
Um ator coadjuvante,
Um personagem sujo,
Desimportante,

Inconvincente. 

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