12 de mai. de 2014
Gentil feito temporal
A saudade, uma dor sempre tão bela e delicada,
Chegou gentil feito fosse um temporal.
E mais assustadora que a tempestade é a fragilidade das flores.
Tão melindradas, agarram-se ao seu pedacinho de chão,
Enquanto pétalas, flores e folhas rodopiam no vento sem controle.
E a tempestade leva todas as cores da manhã,
Todos os sons,
Todos os sabores...
Mas ninguém nota.
Ninguém percebe que o sol não nasceu, pois ele brilha lá fora.
Ninguém sabe que a noite foi de calmaria insone e perigosa;
Os Jardineiros preveem no silêncio as mudanças do tempo.
Agora o peito dói.
O coração bate forte, forte demais, ainda e por tanto tempo
com a sensação fresca dos raios o chicoteando.
Imensas descargas elétricas que o ferem e o mantém com vida.
Acostuma-se o Jardineiro aos ventos e ao frio.
Continua com suas mãos fracas revolvendo a terra e afagando suas flores.
Por um instante, tenta ignorar a profundidade das próprias raízes
e a imensidão das próprias asas.
Desconsidera o fato de estar partido ao meio,
Pois observa com complacência e doçura o valioso sentimento que em seu âmago reside.
O Amor continua luzindo, alheio às tempestades, asas, raízes, medos e fragilidades.
O Amor continua, maior e mais forte, a cada instante.
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