29 de jan. de 2014

Como se todos os dias o sol fosse nascer


Eu não deixarei de cantar por medo de desafinar a voz.
A canção é, antes de tudo, a mais sagrada oração.
Não deixarei de semear o solo por medo do inclemência do sol sobre as delicadas flores.
Alguns sentimentos suportam o calor e o frio.
Não deixarei de amar por medo do que o amor já fez...
O que foi feito, foi feito.

Vamos deitar sobre a superfície espelhada do lago da vida e observar a tarde ceder espaço à noite estrelada.
Não há nada mais puro que o perfume da escuridão levemente esbranquiçada de luar.
Eu segurarei sua mão enquanto evocar seus fantasmas; dançaremos todos juntos então.
Todas as dores passadas serão diamantes reluzentes, pequenos troféus.

Vamos viver como se houvesse esperança,
Como se todos os dias o sol fosse nascer sobre os bons e maus.
Vamos viver como se a  chuva fosse o batismo divino,
Redimindo nossos santos e tão belos pecados.
Vamos dançar como se ninguém nos olhasse,
Vamos amar como se ninguém nos julgasse.
A existência é isso, meu bem.
Morremos num dia, renascemos no outro.

Vamos nos olhar com olhos amáveis,
Vamos guardar o que há de bom.
O tempo passa, meu bem,
Passa como as águas eternas de um rio calmo.
Desta vez, ao menos desta vez, vamos nos deixar levar por elas.

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