18 de ago. de 2012

Porta de mim


Solto de sua mão por um instante. 
Repouso-te em lugar seguro, despeço-me com um sorriso.
Preciso abrir uma porta para dentro, ver o que há, ver o que resta.
Sinto medo de não sentir.

Vou a passos meigos, dando a falsa impressão de candura, pureza.
Não, em minhas aparências apenas a calma é verdadeira.

Abro a porta, e o que vejo, não vejo.
É escuro, é escuro o que há dentro de mim.
Ensaio uns passos, vou tateando...
Nada, nada além do som dos meus sapatos no chão negro.

Já não sei o quanto caminhei, já não sei se caminhei.
Já não sei se atravessei mesmo a porta de mim ou se o fora de mim é que é escuridão.

Sei que hoje, talvez mais do que sempre, sua falta se fez aqui.
Sei que hoje queria ouvir dos seus lábios que o mundo não sucumbe pelas pessoas densas.
Sei que hoje queria fugir com você, 
Acreditar que existe mesmo um lugar não muito distante para nós.

Mas é tarde, sinto cansaço.
Sinto cansaço e temo dormir...
Pois prevejo que mais uma noite meu corpo prenderá meu espírito.
Mais uma noite estarei encarcerado dentro mim.

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