Sou este agosto.
Sou este vento frio e insuportavelmente seco nas manhãs.
Sou este céu de azul anêmico.
Sou estas tardes de sol, tanto sol, mas tão pouca luz.
Eu vou trancando...
As portas, os cadeados, os sentimentos, os olhos.
Vou esperando...
Que as coisas se curem sozinhas, se forem capazes,
Que o Jardim sobreviva, sem ser regado.
Tudo tão real, prático, metódico, previsível.
Os olhos não se fecharam para a beleza;
ainda ontem enxuguei suas lágrimas com pétalas vermelhas.
Mas em tão pouco tempo tudo se torna perecível, monótono.
Agosto é uma rocha imensa sobre o peito fraco e vacilante,
Agosto é uma fé que nunca mais brilhará a mesma,
Agosto é um gosto ranço, amargo, passado,
Agosto é cansado,
Agosto sou eu.
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