12 de ago. de 2012

Pesadelos


Não, há tempos não sonho com flores...
Embora o inverno (por causa dos ipês).
Apenas os pesadelos me acolhem; 
parecidos, distintos.
Pesadelos.
Pesadelos sem heróis, sem canções reconfortantes, sem perfumes e raios de sol.
Pesadelos úmidos, cáusticos, melancólicos.

Em algum momento tiveram vida aqueles que me perseguem?
Ou sou eu o demônio de mim mesmo?
Repartido aos cacos e com vontade própria de punição...

Às vezes canso... 
mesmo sendo a fera felina em que me converto para mais rápido fugir,
às vezes me canso de tanto correr, 
de tanto me esgueirar, de tanto me esconder.

Canso de ser sujo, enguiçado.

Então me levanto e volto a ser homem; e essa é a parte gloriosa do espetáculo:
Sempre sou maior e mais forte do que realmente sou.
Será?
Ou será que apenas quando o medo substitui o sangue de minha veias é que descubro meu real tamanho?

Em meus pesadelos não existem mais anjos e heróis ofertando um colo morno e macio, talvez porque eu já não precise mais tanto deles.
Em meus pesadelos, quem sabe, eu seja mais real do que neste instante sou.

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