21 de jan. de 2024

Desavisados

 


Em algum momento é irresistível desejar ser novamente criança e ter a mãe a dizer vai daqui para ali, ou faço isso ou faça aquilo

Sem que tenhamos que pensar muito pois que alguém havera pensado antes com muita precisão e sabedoria 

Para tudo se há horas e organizações

Para tudo há muita segurança 

E ainda que muito falte, nada falta

E ainda que muito doa, nada dói 

Então crescemos desavisados de que precisamos crescer

E começa-se a pensar na vida, na morte, nas consequências todas 

E há tantos números a serem calculados, tantas portas a serem trancadas, tantas janelas a serem fechadas que quase já não vemos mais o céu, não vemos mais a imensidão 

Crescemos e tudo se torna diminuto, razoável, necessário

E mesmo comentando pequeno atos de rebeldia, como manter as luzes de natal por todo o ano, deitar no chão para olhar as nuvens, escrever poemas bobos

Temos medo... 

Medo de que não sejamos mais nem uma memória para aquilo que já amamos 

Medo dos despertadores que só esperam a hora certa para nos banhar em realidade fria

Medo do tempo... 

Que não existe, e ainda assim, troca de lugar todas as coisas... algumas, para sempre.