Os últimos resquícios do gosto do que pareceu ser amor parte dos lábios
Algo do pouco que ainda havia
Se dissolve no cruzar das mesmas quase eternas esquinas
No silêncio que reina intocável
Nas ruas de olhares frios
Mesmo depois de tantas palavras
Tantas
Tantas palavras
Sentenças intermináveis
Páginas em centenas
Promessas eternas
Preces
Mas apenas despedidas então
As lembranças dos adeuses
O eu não posso mais
O quem sabe em outro momento
E é mais do que solidão isso tudo nessa sala em desordem
Com sapatos falsificados jogados pelos tapetes velhos
Essas memórias tão fracas que desapareceriam a um toque
É mais do que ausência isso que decora um cenário em decadência
Do que antes fora um jardim exuberante
Mas que eu conservo as auras como se de algo valesse
Porque é tudo o que parece restar
E observo esses contornos como se abrigassem algo real
E eu entoo breves canções de tempos menos densos
E apago as luzes
Outra vez
Apago as luzes.
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