8 de mar. de 2022

 




Os últimos resquícios do gosto do que pareceu ser amor parte dos lábios

Algo do pouco que ainda havia

Se dissolve no cruzar das mesmas quase eternas esquinas 

No silêncio que reina intocável 

Nas ruas de olhares frios 

Mesmo depois de tantas palavras

Tantas

Tantas palavras

Sentenças intermináveis

Páginas em centenas

Promessas eternas

Preces 

Mas apenas despedidas então 

As lembranças dos adeuses

O eu não posso mais 

O quem sabe em outro momento 

E é mais do que solidão isso tudo nessa sala em desordem 

Com sapatos falsificados jogados pelos tapetes velhos

Essas memórias tão fracas que desapareceriam a um toque

É mais do que ausência isso que decora um cenário em decadência 

Do que antes fora um jardim exuberante

Mas que eu conservo as auras como se de algo valesse 

Porque é tudo o que parece restar

E observo esses contornos como se abrigassem algo real

E eu entoo breves canções de tempos menos densos

E apago as luzes 

Outra vez

Apago as luzes.

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