Talvez ainda seja cedo para lembrar daquele breve instante em que era possível observar o céu profundamente azul que se abria no olho do furacão...
São imensuráveis as vezes em que o mundo acabou e renasceu em poucas dezenas de meses, e talvez esse nó que não sai da garganta há semanas seja o pranto contido, o pranto pelas horas de desespero e pelas horas de alívio, o pranto pelas vezes em que a fé partiu com a promessa de não mais voltar, mas que junto à luz do sol, bateu na minha porta na manhã seguinte.
Naquele breve instante com tudo girando ao meu redor eu podia ver meu reflexo nos estilhaços que feriam minha pele, e eu tentava dar nomes e culpados a cada parte, a cada ilusão partida, quando na verdade era tudo apenas eu tentando não ser capaz de dar a cura a mim mesmo.
Mas quando os céus oferecerem outra vez mergulhos em calmaria, eu sonharei novamente com alguma voz, com algum entrelaçar de dedos. Substituirei os velhos poemas tristes por canções dóceis, plantarei novas flores que trarão novas cores ao cansado jardim.
E, por fim, dos tantos estilhaços que ainda voam desgovernados, perigosos, quem sabe... farei o belo caminho a seguir em direção a dias que não irão mais nos ferir tanto.
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