15 de set. de 2015
Eu lembro
Ainda...
Como as reminiscências de sonhos
Logo após o despertar.
Aquela nebulosidade mental
De quem de uma vida salta para outra brutalmente.
É fria a manhã
E há esta ausência permanente,
Como um membro decepado,
Mas que ainda se sente doer.
Bem fez você em esquecer.
A vida precisa seguir sem fantasmas,
Famintos e ignóbeis, presos aos calcanhares.
Mas eu lembro.
Eu lembro com a alma,
Não com a memória.
No espírito ficou um aroma de sonho,
Um perfume suave e único, nunca mais sentido.
Como o da rua repleta de jasmins,
Onde todos passavam apressados,
E eu flutuava,
Numa tarde quente e amarela de inverno.
Eu lembro ainda hoje,
- Graças, oh meu Deus -
Sem aquela dor que abria meu peito à machadadas.
Se faz uma dor mais dócil,
Como ver um jardim sucumbir sem seu jardineiro.
Um jardim entregue às pragas
Ao sol inclemente que o mata.
Eu lembro...
E sorrio tristemente.
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