10 de set. de 2015

Entrecorpos


Partículas venenosas de memória
Ainda infectam as células saudáveis
Do espírito empobrecido.

Não teria sido fatal seu caridoso tiro de misericórdia?
Ainda resta sonho e vida, bradando e rangendo,
No subsolo da alma?

Eu perdoo sua agora morta paixão,
Mas meu corpo, não.
Ele acreditou ser amado.

Ele ainda geme, ainda treme,
Perpetuando a sensação de um inverno inclemente,
Enquanto se faz cego às reais luminosidades.

Este corpo ainda verte lágrimas ácidas
Perante aquelas estrelas imóveis.
Quase tão imóveis quanto teu coração...

Teu coração...
Cuja música nunca mais será ouvida.
O coração onde nunca habitei.

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