20 de fev. de 2012

Nada mais dói


Faço-me chuva; silenciosa em sua queda indolor.
Precipitado-se não apenas absolvedora, mas absolvida.
Faço-me aroma e gosto de terra molhada, encharcada de vida. Perdoada por suas flores até então não germinadas, amada por alguns de seus frutos já suculentos.
Faço-me brisa pacífica, transportadora de docilidades.

Assim finjo para mim não ferem mais as dúvidas.
Finjo que com a vinda do outono tudo o que ainda persiste morto e seco aqui dentro há de partir, carregado pelo vento não tão dócil.
Finjo tão bem que acredito que nada mais dói.
E realmente nada mais dói.

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