28 de jul. de 2011

Real foi meu diálogo com a lua...


As portas à minha frente não param de abrir e fechar.
Todas as dóceis senhoras têm perfume de rosas...
Ou é meu coração que se abre e se fecha?
Ou é meu espírito adornado de alecrins?

É manhã macia, pequeno meu.
E eu aqui, tão estático em meus devaneios perigosos,
Acorrentado num tráfego diário que pode ser denominado de qualquer forma, menos real, para mim.
Eu, peça minúscula dessa engrenagem suja, fria, absurda.

Real foi meu diálogo com a lua...
Aquele risco de luz em forma de sorriso.
Eu pedia: ‘Desce Madrinha! Desce, pois a prometi como sublime presente àquele que descobri amar! Nada nesse mundo poderia ser tão belo e digno quanto você é!’
‘Desce... pois preciso tentar retribuí-lo por devolver-me o sangue quente nas veias, a leveza no espírito, a claridade nos olhos.’
Mas a lua, com voz mansa me foi dizendo... ‘menino meu... eu já sou dele, e sua, e de todos os que em mim depositam suas promessas. Permita-me ficar aqui onde alcanço-os todos, onde os abençoo sempre. Minha luz vos pertence, assim como vocês pertencem um ao outro.’

Nesse instante lágrimas frescas me fluíram; lágrimas leves...
Eu entendi que o sentimento não se alimenta unicamente da presença, mas também da sintonia, da afinidade, da saudade... essas coisas que vão além do toque.

Porém, o que me dói, anjo meu, é limitar minha luz.
É estar emaranhado nessa rede estúpida que não me apresenta um propósito,
Que sufoca aquele que eu verdadeiramente sou, e preciso a todo custo lhe oferecer.

Eu sou mais, menino meu.
Mais que o garoto frágil que todos os dias você socorre com tanta doçura.

Um dia, espero que num próximo dia, eu mostrarei meu real tamanho, minha real força.
Pois que em meus sonhos eu sou tão grande de espírito que sou capaz de ver cores e luzes que as almas emanam.
É com esse eu que ainda ei de lhe brindar, espero, em breve.
É com essa intensidade que quero ladrilhar nossas estradas.
É com esse amor que quero nos nutrir, nos guiar.

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