Acordei sentindo você sobre a minha pele,
Como se você estivesse despertando junto de mim,
Naquela cama pequena, velha e fria.
E é tão real que ainda restava seu gosto em minha boca, em minhas mãos em meus devaneios.
Em todo meu corpo havia o calor do seu; dos seus braços, do seu peito e pelos,
Aquele calor que me acaricia, e germina, e reaviva.
Eu caminho de pés nus pelo chão empoeirado de madeira,
Vago pelos cômodos vazios como quem procura... quem procura.
A manhã me serve um bom-dia através da luz que projeta em minha janela,
em minha cortina de plástico vagabundo e tão florido, tão bonito.
E eu me sinto simples.
Já partira a madrugada com sua lua;
sua bela lua branqueada,
que me acompanha em todos adormeceres quiméricos,
e em todos despertares desesperançosos.
Também começo a acreditar na desistência das sombras.
Começo a limpar meus céus cinzas, minhas almas perdidas, meus corações medrosos...
todos meus eus bandoleiros.
Também começo a sentir desabroches nos meu jardins estáticos.
É inverno, bem o sei; mais do que qualquer um saberia.
É inverno, bem o sinto; já que sou eu as pastagens secas e incendiadas,
sou eu as folhas amontoadas no asfalto,
os galhos ressequidos nas copas das árvores.
Mas assim também sou eu, os ipês rosas explodindo em vida,
E os amarelos que zombam das calamidades do mundo com todo seu gozo, alegria e cor.
Sou eu, tudo e qualquer coisa, dentro de mim, e ao redor.
Logo haverá sua mão na minha, e talvez eu tremendo em meu constante medo de não ser bom o bastante para meus milagres tão rogados.
Mas eu estarei aqui, ansioso por ti.
Com certeza matemática, eu estarei aqui, esperando por sua vinda...
E estarei sorrindo.
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