A canção que fala sobre universos paralelos onde nada se quebra e nada machuca me faz quase regressar por instantes aos dias em que a atmosfera era muito mais repleta de poesia do que de medo.
Essa poesia que tem se perdido como a claridade do dia se rende suavemente à penumbra que logo se tornará mais uma longa noite escura...
Ao meu lado flutuam pequenos estilhaços de memória já quase sem valor. Passam rente a pele causando pequenos cortes que não chegam mais a sangrar... Os sorrisos, a cor dos olhos, o abraço que elevava os pés do chão.
Mas enquanto adorno o céu apático de cores artificiais, ainda sonho com tempos em que as ruas e as esperanças não estarão mais proibidas.
E eu sei que já se foram anos demais, palavras demais, sonhos demais, lamentos demais, só que continua parecendo cedo para uma rendição completa ao silêncio e ao adeus.
Pois embora o coração já não emita um brilho que encante e a noite já tenha a tudo envolvido outra vez, o peito ainda reluz, e posso ver o infinito manto negro celeste adornado de incontáveis estrelas quase eternas.
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