Se ao menos todas as palavras já não tivessem sido ditas, repetidas, gastas.
Se ao menos ainda chovesse por mais algumas horas, e eu pudesse colocar meus braços e cabeça para fora para sentir a água fria escorrendo pela minha pele.
Se ao menos, pelo contrário, houvesse muitas e estrelas e luar no céu...
Mas não. Tudo que há sou eu.
Eu, horas e horas pensando em como parar de pensar.
Dias e dias projetando trilhos de papel sobre um oceano, esperando que o trem que carrega meus extintos sonhos vá um pouco mais longe.
Se fosse dor, eu gritava.
Se fosse medo, eu acendia a luz.
Se fosse frio, eu abraçava.
Mas é pior, sou eu e apenas eu.
Sempre sentindo tudo, não sabendo sentir nada.
Cansativo, repetitivo, fosco, obscuro.
Todos os milagres já aconteceram, alguns até se repetiram.
E nada, nada me cura desse veneno terrível que sou.
Nada me eleva, nada me purifica, nada me faz voar para além de mim.
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