30 de out. de 2013
Chegou o momento
Chegou o momento de ouvir todas aquelas canções de despedida.
As canções doloridas de adeus.
Chegou aquele momento de dizer: "Dói tanto... mas ficará tudo bem, um dia.".
Chegou o momento de lembrar que o para sempre, sempre acaba.
Os curativos necessários eram tão pequenos.
Os cortes eram tão rasos.
As fraturas, apenas trincos ínfimos.
Mas chegou o momento... E nós somos fracos demais perante ele.
O amor às minhas flores não impede que murchem e morram...
Porém, como é possível carregar o amor; um amor maior que o peito;
Mas não saber amar?
Bem que tudo poderia ser apenas um sonho ruim, outra vez.
Mas chegou o momento de guardar o porta-retrato,
Minimizar os focos de memória,
Não esperar mais sua ligação na hora marcada,
Não dizer mais as mesmas palavras ensaiadas, necessárias, pouco sinceras.
Chegou o momento de reconhecer que não nos conhecemos de fato,
Reconhecer que tememos um ao outro e tememos a nós mesmos.
Chegou o momento de tirar do campo de visão sua toalha de banho,
Chegou o momento de tirar sua escova de dentes do lado da minha.
Chegou o momento de assumir a culpa que cabe a cada um.
Chegou o momento de olhar outros olhos e outros corpos buscando algo que não será mais encontrado.
Chegou o momento de perder toda fé e toda esperança.
Chegou o momento de reencontrar toda fé e toda esperança.
Não perdemos nosso amor,
não perdemos um ao outro,
Nos perdemos de nós mesmos...
Então chegou o momento do fim.
28 de out. de 2013
Capítulo de despedida
Todas as belas esculturas que perambulam por aí já não impressionam meu olhar.
Tudo está muito cheio ou muito vazio, nada está certo, nada está completo, nada se encaixa.
Fizemos do nosso amor uma guerra silenciosa.
Como todos em algum momento fazem...
E nos achávamos tão diferentes dos demais.
Não somos.
Mesmas dúvidas, mesmos erros, mesmas culpas.
Quem está mais certo? Quem disse mais besteiras? Quem foi o primeiro a desistir?
Somos crianças tolas que mal sabem onde fica o próprio nariz.
Você chega endurecido, depois amansa.
Eu chego confuso, e confuso permaneço.
Devemos virar outra página ou trocar de livro?
Quanto de nós ainda permanece o mesmo?
O velho sonho se tornou uma esperança rançosa.
Talvez apenas mais um adeus, talvez o pior dos adeuses.
Foge da lógica enterrar algo ainda vivo.
Mas estaríamos nós realmente ainda vivos?
27 de out. de 2013
Supernova
É preciso abrir as janelas, tirar o pó do chão, enterrar os mortos.
Depois faço isso.
Parti, desisti, não arrependi.
Deixei o sol, embora seja o sol, deixei o sol.
A luz cansou minha fé frágil.
É preciso dizer adeus agora, morrendo de medo, morrendo pelas promessas eternas não cumpridas.
A chama eterna que se apagou, o infinito que durou o necessário.
Dar boas-vindas ao novo eu que vem gingando confuso e leve de cima para baixo, de baixo pra cima.
Deixemos os protocolos, documentações, arquivamentos, oficializações e adeuses.
Vamos assim... de mansinho... aceitado a verdade que está de mãos dadas conosco.
Como Marisa... "Bem que se quis..." e vamos nos afastando e deixando as lembranças cantarem o fim da canção.
Nós quatro, eu, você, verdade e a ilusão.
Não te entregarei a culpa, também não ficarei com ela.
Não somos culpados pelo sol nascer e morrer,
Não somos culpados pelas estrelas surgirem e desaparecem atrás das nuvens escuras.
Não somos culpados pelo tempo que vem e nos transforma em outros sem pedir permissão.
Você sempre foi o anjo mais próximo, o detentor absoluto da minha vida e do meu sorriso.
Agora, neste momento, eu serei meu detentor, e você o seu.
Coisa que já somos há certo tempo.
Somos agora uma supernova.
A estrela que éramos será mãe de tantas outras.
Um dia, quem sabe.
A memória jamais partirá, ainda veremos nosso brilho no céu por tanto, tanto tempo, embora não estejamos mais lá.
Cumprimos nossa missão, fomos heróis tão presentes e poderosos.
Já não somos mais vítimas em perigo...
Deixe que a vida venha e nos coma, ainda assim sobreviveremos nas entranhas dela.
Há tanto a dizer, e não deve ser dito.
O amor ainda está aqui, mas agora ele é outra coisa.
4 de out. de 2013
Fragmentos
Os olhos se tornaram uma represa onde os dias vão depositando seus detritos amargos, suas desesperanças.
A fé se tornou uma certeza tão frágil, um alicerce tão raso.
Mas ainda está aqui.
De uma coisa estou certo, não é Deus que nos perdoa, somos nós que nos perdoamos ou condenamos.
Todos partindo e nada parece estar no lugar correto.
E as migalhas que sou parecem ser tão pouco para manter vivo nosso amor.
E eu sinto tanto, eu sinto tanto...
Aquela voz tão doce dizia temer minha desistência.
Aquela face tão amiga não quer me ver despedaçado de vez.
Como foi bom abrir minhas comportas, ter você para ouvir minha história por um instante.
Eu ainda estou lutando, mas pacificamente. Eu estou tentando, mesmo lentamente.
Eu sei que existem fragmentos de Deus dentro de mim, dentro de todas as coisas;
É que nem sempre é fácil encontrá-los.
Promessas não sairão mais dos meus lábios, tentarei ser uma versão mais concreta de mim mesmo.
E estes mesmos olhos, que agora jorram uma mistura límpida de medos e esperanças,
observam as flores perfeitas pelo caminho.
Nunca colherei nenhuma delas, nunca serei nenhuma delas.
Eu apenas desejo passar um tempo num lugar onde não existam ataques.
Eu apenas desejo um pouco de silêncio na minha mente escura, repleta de cacos de vidro.
Estou partindo para me proteger de não ser eu.
Eu os perdoo, eu me perdoo.
Todos somos crianças tão tolas, crianças tão tolas...
1 de out. de 2013
Buraco negro
O passar dos dias se tornou um buraco negro.
E eu, que sempre temi o escuro e o desconhecido, fui sendo fragmentado e sugado...
Pensei que era o fim a me esperar, depois que desapareceram para negro infinito a esperança, a fé, os sonhos, até quase o amor, o que restaria?
Partículas, pequenos pedaços, fragmentos, lascas... lentamente dissolvendo-se.
Segui o mesmo destino, adormeci nos braços de uma noite libidinosa, sedutora, morna, silenciosa, e essa noite me embriagou, confundiu todos meus sentimentos, certezas, levou-me serena ao meu fim.
O fim que eu plantei, o fim que eu amei.
Então desperto num dia qualquer, embora todo dia seja um dia qualquer...
Procuro pelo buraco negro, porque sempre pareço procurar o que temo, e ele não existe ao meu redor.
Mas nada é o mesmo, tudo foi desconstruído e montado de uma forma estranha, ao meu ver.
Embora tudo esteja no mesmo lugar, eu desconfio... desconfio de tudo.
Então percebo o porquê de nada ter deixado de existir após a sucção do buraco negro...
É porque está tudo dentro de mim, tudo ao mesmo tempo agora.
Eu sou o fragmentado e o fragmentador.
Eu sou o temível e o temeroso.
Eu suguei tudo, eu sou o buraco.
E eu, que sempre temi o escuro e o desconhecido, fui sendo fragmentado e sugado...
Pensei que era o fim a me esperar, depois que desapareceram para negro infinito a esperança, a fé, os sonhos, até quase o amor, o que restaria?
Partículas, pequenos pedaços, fragmentos, lascas... lentamente dissolvendo-se.
Segui o mesmo destino, adormeci nos braços de uma noite libidinosa, sedutora, morna, silenciosa, e essa noite me embriagou, confundiu todos meus sentimentos, certezas, levou-me serena ao meu fim.
O fim que eu plantei, o fim que eu amei.
Então desperto num dia qualquer, embora todo dia seja um dia qualquer...
Procuro pelo buraco negro, porque sempre pareço procurar o que temo, e ele não existe ao meu redor.
Mas nada é o mesmo, tudo foi desconstruído e montado de uma forma estranha, ao meu ver.
Embora tudo esteja no mesmo lugar, eu desconfio... desconfio de tudo.
Então percebo o porquê de nada ter deixado de existir após a sucção do buraco negro...
É porque está tudo dentro de mim, tudo ao mesmo tempo agora.
Eu sou o fragmentado e o fragmentador.
Eu sou o temível e o temeroso.
Eu suguei tudo, eu sou o buraco.
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