25 de abr. de 2018
Brando pranto
Esse morno rio escorrendo pela face
Silencioso, no escuro,
Só veio depois (e ainda durante) os meses e meses áridos,
Os anos e anos fingindo não entender os fatos.
Meu bem, mentiras bem-intencionadas
Não são menos mentiras, não são mais nobres.
Mas é da nossa natureza humana a insistência,
Uma razoável dose de fé, de ilusão.
E a esperança continua sendo umas das coias mais belas,
Como aquela chuva rápida que nada muda,
Mas tira um sorriso e uma lágrima do sertanejo desiludido
Com a secura da terra, dos dias, de uma vida inteira.
Um dia estaremos todos bem longe daqui,
Usando do espírito mais do que pequenos fragmentos danificados.
Será das dores, pequenas pedras preciosas
Guardadas num relicário de jovens e ancestrais lembranças.
Eu sinto muito, sinto tanto, já o disse.
Mas esse tanto foi e é nada além de, talvez,
Um desequilibrado começo;
Uma saudade do futuro.
Que falta faz,
Que imensa falta faz...
Vir à tona um pouco mais da plenitude
Da própria alma.
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