Não há
mais nada para ser dito.
O que
sei sobre a vida para gastar tantas palavras?
Sempre
estive dentro desse quarto escuro,
vendo a
existência passar como nuvens lentas pela janela.
Sem
perceber, eu fui deixando de te regar até você murchar, poesia minha.
Já não
há mais espaço para suas teorias e boas intenções.
Sei que
sempre esteve gentil ao meu lado,
Mas
estamos enganando um ao outro.
Você de
pouco ou nada mais serve,
E eu
sou um instrumento vago e fraco demais para continuar tentando te forjar.
Estou
cansado, poesia minha.
E não
apenas de te buscar por todos os caminhos e lugares.
Estou
cansado de muita coisa...
Tanta
coisa que nem ouso dizer,
Seria
pecado.
Agradeço
cordialmente por todas as vezes que me salvou.
Tantas
foram as noites e dias em que apenas tive você.
Não chore,
não chore assim que me parte o coração,
poesia
minha!
Não vê
que está chegando o momento de desmoronar meus esconderijos?
A vida,
as pessoas, o tempo, nada é dócil como você,
poesia
minha.
Tudo é
áspero e prático lá fora.
Vê onde
estou?
Com os
olhos que me deu não fui muito longe...
Sim, vi
sim coisas que muitos não viram.
Vi os
milagres brotando nas entrelinhas da vida fria.
Mas
esses milagres tão sutis não saciam mais minha fome constante.
Já não
posso mais continuar sobrevivendo de restos,
poesia
minha.
Você
precisa entender...
Não há
mais onde nós dois possamos chegar.
Não
peço que vá embora.
A casa
é sua, pode ficar.
Eu é
que vou.
Vou
porque não estou feliz,
E
embora eu não saiba se existe algum tipo real de felicidade lá fora, eu preciso
voltar a estar em movimento.
Eu
preciso tentar.
Talvez,
amada poesia minha,
Talvez
se eu encontrar um pouco mais de você nessas minhas andanças,
Talvez
se, ao contrário do que acredito, ainda existir o suficiente de você em mim e
na vida, eu volte sorrindo.
Por ora
é adeus.
Não
suporto mais ver você agonizando diante de mim.
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